27/6/2025

Mais do que conquistas técnicas ou marcas alcançadas, o que torna este recorde verdadeiramente inesquecível são as histórias vividas por cada atleta. Emoções intensas, superações pessoais, reencontros, lágrimas, sorrisos e a certeza de ter feito parte de algo maior. Abaixo, reunimos alguns depoimentos que refletem a alma do Team of Teams — relatos sinceros e comoventes de quem viveu essa experiência única, no céu e no coração.

Marcelo Andrade, o Heman,  chefe do Comitê de Instrução e Segurança da CBPq:

Vou compartilhar alguns momentos que ficaram muito marcados pra mim ao longo do processo:

• Clima dos primeiros saltos de treino: No começo o clima era de ansiedade e expectativa. Todo mundo tentando se encontrar na formação, muita gente nova saltando junto, alguns rostos tensos, outros sorrindo pra aliviar a pressão. A frustração era geral a cada tentativa que não encaixava, mas ao mesmo tempo havia uma vontade coletiva de fazer dar certo.

• Momento mais difícil antes do recorde: Pra mim foi um dia em que fizemos dois saltos seguidos onde tudo parecia dar errado: grips no lugar errado, fora do tempo, gaps na formação e uma sensação de que o recorde estava ficando distante. Lembro de ter voltado pra área de dobragem com a cabeça cheia de dúvidas, pensando se ia acontecer mesmo.

• Dentro da aeronave antes do salto do recorde: O silêncio foi quase absoluto. Cada um no seu canto, alguns com os olhos fechados,  outros se concentrando na respiração. Eu lembro de ter olhado pro lado e visto gente se abraçando, outros fazendo o último check list mental. A tensão era palpável, mas também dava pra sentir que estava todo mundo muito conectado.

• Sensações na formação depois de pronto: Quando a formação fechou, o sentimento foi de um alívio misturado com uma explosão interna de felicidade. Ainda em queda livre, já dava pra sentir que tinha sido o salto certo.

• Pouso logo após o recorde: Assim que pousei, os gritos começaram. Pessoas correndo de um lado pro outro, abraços apertados, alguns chorando de emoção, outros rindo sem parar. Foi um momento de descarga emocional total.

• Momentos de resiliência: Teve um dia de calor extremo, onde o desgaste físico foi muito grande. Alguns atletas lidando com câimbras, outros com fadiga, mas ninguém quis parar. Também lembro de um momento em que alguns atletas foram cortados e mesmo assim permaneceram na dropzone, torcendo pelo grupo, o que foi um exemplo de espírito esportivo.

• Reunião pós-recorde: Foi emocionante. Quando o resultado foi anunciado oficialmente, o salão explodiu em aplausos e gritos. As frases que ficaram foram coisas como: “Nós conseguimos!”, “Valeu cada gota de suor!” “We are the champions!” e “Esse momento foi nosso!”

ChristianoCony, Coach USPA e TBBF CBPQ, Fun Family Big Way Camp e 4way Team, SkydiveBoituva:

Débora e eu saímos no quinto salto de tentativa — não estávamos desempenhando nem 50% das nossas habilidades. Talvez pela experiência inédita em tantos aspectos: área nova, aviões novos, mais de 100 pessoas em um único salto, nova altitude etc. Claro que, no impacto inicial, a emoção toma conta e a frustração invade nossos corações. Mas, minutos depois, com ar acionalidade voltando e ao refletir sobre nossos saltos, não pudemos fazer outra coisa senão parabenizar o colegiado pela decisão cirúrgica. Aliás, parabéns pela estratégia coletiva na tomada de decisões — diminuem-se os vieses e tudo se torna mais assertivo, o que dá solidez ao projeto. Seguiremos treinando, certos de que em breve ouviremos o som do silêncio do recorde sendo batido, bem no centro da formação. Muito obrigado, de coração. Foram dias fantásticos, inesquecíveis e eternos na nossa memória e nos nossos corações!

Cássia Bahiense Neves, atleta militar, multicampeã brasileira e recordista internacional, referência militar feminina no paraquedismo:

Quando recebi o convite para participar do RecordeSul-Americano , meu coração disparou. A alegria foi imensa, mas junto dela veio um peso: o da responsabilidade. Eu sabia que ali estaria representando mais do que a mim mesma — representava o Brasil, as Forças Armadas, as mulheres militares e todas as atletas que lutam diariamente por espaço e reconhecimento. Fiz o impossível para estar presente, porque sabia que esse seria um momento único na minha vida. A confirmação da passagem chegou na quarta-feira, às16h30, e na sexta eu já estava embarcando. Tudo em cima da hora, numa correria absurda, mas o importante é que eu consegui. Cheguei e vi muitos rostos conhecidos. Sabia que seria difícil, mas também percebi que estava cercada de pessoas incríveis. O clima era de expectativa, mas também de tensão.

Os primeiros saltos de treino foram desafiadores. A formação não fechava, pequenos erros viravam frustrações, e o tempo — esse companheiro imprevisível — também não ajudava. Havia silêncio nos voos, olhares concentrados, e uma energia que misturava nervosismo e esperança. Teve um salto que nunca vou esquecer. Haviam me trocado de posição, mas eu me sentia confiante, estava segura de que conseguiria. Quando cheguei ao ponto onde deveria estar, a pessoa ao meu lado não tinha entrado ainda. De repente, senti alguém me puxar com uma força absurda pelas pernas. Pensei: “Daqui eu não saio!”. Reagi, chutei para me soltar, e quando consegui, fui arremessada sem controle no ar. Pousei furiosa. Mas não dava tempo pra lamentar: bora pro próximo! Mudaram minha posição denovo. Eu saí com tanta gana e vontade que bati a cabeça na porta do avião —quase fiquei lá mesmo! 😂 Mas respirei fundo,entrei, fui pra minha nova posição… e cadê o meu companheiro que devia estar na minha frente? Não estava. Quando chegou, o salto já tinha terminado. O desespero era coletivo — o tempo passando, e nada de formar. Mas ninguémdesistiu.

Subimos novamente. Todos com uma força e determinação impressionantes. Dessa vez, a saída deu certo. Cheguei na minha posição e, um por um, os paraquedistas chegaram também. Quando a formação finalmente fechou…olhei para o atleta ao meu lado e, sem palavras, perguntei com o olhar: “Foi?”. Ele apenas sinalizou com a mão um “OK”. Naquela hora, uma lágrima escorreu dos meus olhos. Emoção. Alívio. Gratidão. Comecei a gritar de alegria ainda no tracking, agradecendo a Deus por me permitir viver aquilo. Lembrei que ainda precisava comandar o paraquedas e pousar. Falei com Deus: “Me leva ao chão em segurança, porque eu preciso comemorar — e muito!” O pouso foi cheio de emoção. Abraços, gritos, lágrimas, risos…. Cada um de nós sabia o que tinha vivido. Sabia das renúncias, das dores, do calor, dos saltos frustrados, das mudançasde posição de última hora. Sabíamos o quanto resiliência foi a palavra que nos sustentou durante aqueles dias — especialmente nos momentos de clima ruim ou nas trocas difíceis, onde vi atletas incríveis dando exemplo de humildade e comprometimento.

Na reunião após o recorde, a emoção coletiva era quase palpável. Não precisava dizer muita coisa — os olhos de cada um contavam histórias. Mas houve frases marcantes, olhares cheios de orgulho e um sentimento unânime: “Fizemos história!” Os dias foram passando entre briefings, debriefings e incertezas climáticas. A cada salto, uma nova tentativa. A cada tentativa, um aprendizado. Nunca foi fácil. E nunca será. Mas no último dia, todos tinham no olhar a mesma certeza: “É hoje. Boraaaa!” E foi. Obrigada, meu Deus, por me permitir viver isso. Por me dar força, coragem e me colocar entre gigantes. Por me permitir ser a única mulher militar presente nessa formação histórica. E por me mostrar, mais uma vez, que a fé, a persistência e o amor pelo que se faz sempre valem a pena.

 

Victor Venerucci, amante del deporte,  3 records Sudamericanos,  2 records Argentinos:

“Siempre estoy a pleno, disfrutando cada segundo, sea cuál sea la meta. Pero esta vez fue muy estresante. Éramos muchos, mucha coordinación, muchos participantes, pero la felicidad es enorme. Fue muy grandey hermoso lo que conseguimos y no me lo voy a olvidar nunca”.

“Fue muy emotivo cuando aterrizamos, nadie podía confirmarlo, pero todo sabíamos que los habíamos logrado. Se sintieron cinco segundos de paz y armonía que fueron inexplicables, cada uno de los 104 lo sintió. Unos minutos más tarde la Federación Aeronáutica Internacional nos dio la gran noticia. Te juro que no encuentro palabras para describir lo que sentí al escuchar la noticia” .

"A los nervios yla presión se le sumó que extrañaba y extraño mucho a mi familia, hasta en algún momento llegué a pensar en no saltar más. Ahora sólo quiero volver a Funes y disfrutar de este logro con mi familia y entrenar para un intento der ecord argentino, a fines de este año, o comienzos del 2026”.

Matheus Mello, médico, uma cria e eterno aprendiz no pararaquedismo, participou junto com o pai André Mello

“Esse recorde foi marcante para mim pois foi meu primeiro grande recorde e tive a oportunidade participar junto com meu pai que esteve presente em todos os recordes desde a sua primeira edição na década de 90! O paraquedismo é um legado que passa pelas gerações e une famílias através do esporte!”